quarta-feira, 21 de julho de 2010

Memórias de outros tempos

Pragma, uma "Cooperativa" criada, em 1961, para possibilitar a discussão de questões que o regime da altura considerava subversivas. Composta por várias figuras católicas, oposicionistas ao regime de então - durante o encerramento da sua sede em 1967, pela PIDE, recorreu a várias alternativas para continuar as suas actividade, entre elas - os Bombeiros Voluntários Lisbonenses.


 Pragma
"Se é totalmente incorrecto fazer coincidir o início da oposição dos católicos ao salazarismo com a década de 60, não há dúvida que foi nela que se deu a verdadeira explosão de actividades daquela oposição.
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A Pragma foi uma dessas instituições – com uma importância e projecção ainda relativamente desconhecidas. Foi fundada por um grupo de católicos, em Abril de 1964, como uma «Cooperativa de Difusão Cultural e Acção Comunitária»
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Mário Murteira foi o sócio nº 1 e o primeiro Presidente da Direcção. Nuno Teotónio Pereira, sócio nº 2 e segundo Presidente, manteve-se até ao fim como o seu principal animador. 
«Oficialmente», os Estatutos definiram como objecto da Cooperativa: «a) – Facultar aos seus sócios a maior defesa económica nos artigos que possam adquirir ou produzir; b) – Promover o aperfeiçoamento moral, cultural e técnico dos sócios e suas famílias [...]; c) – Instalar casas de férias para sócios e famílias.»
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O encerramento da sede e as reacções

No dia 6 de Abril de 1967, quando se encontravam na sede da Cooperativa, na Rua da Glória, Natália Teotónio Pereira e António Macieira Costa, apresentou­‑se uma brigada de agentes da PIDE, com ordem para realizar uma busca às instalações. Esperaram por Nuno Teotónio Pereira, então já Presidente da Direcção, entretanto avisado. Um painel com documentos sobre emigração atraiu imediatamente a atenção dos agentes. Deveria realizar­‑se, nessa mesma noite, a já referida terceira sessão sobre aquele tema, intitulada Visão histórica da emigração portuguesa, sob a orientação de Joel Serrão e com a colaboração de Vitorino Magalhães Godinho.
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Tempos difíceis
Depois de ouvidos advogados, foi considerado que o facto de a sede estar inacessível, e de os seus dirigentes serem objecto de instauração de um processo pela PIDE, não impedia que a Cooperativa prosseguisse as suas actividades.
﷓Iniciou-sese então um árduo percurso, recheado de iniciativas e assente em fortes laços de solidariedade que permitiram cedências de locais e de outros meios logísticos. Sociedade Nacional de Belas Artes, Bombeiros Voluntários Lisbonenses, Centro Nacional de Cultura, Casa da Imprensa, Capela do Rato, Igreja de S. João de Brito e outras instituições foram abrindo as suas portas para reuniões, colóquios, conferências, Assembleias-gerais. Entre Abril e Dezembro de 1967, o número de sócios aumentou de 340 para 390.(...)"

Excertos de um texto de Joana  Lopes e foto, encontrados -aqui

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